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Eu sou mais um no meio dessa multidao chamada babilonia visando compreender sempre os seres humanos com seus comportamentos imprevisiveis... QUERO TROCAR IDEIAS SOBRE ARTES, MUSICA, POSITIVISMO, FISICA ENERGETICA MUNDANA, ESPORTES E NATUREZA.

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segunda-feira, 15 de março de 2010

HOMEM E MULHER- diferenças ou invensoes humanas??


Prólogo:

''Suponhamos a existência de dois homens e duas mulheres que logo ao nascer foram abandonados pelos seus pais em meio à selva fechada. Suponhamos ainda que, nativos da floresta colocaram-nas em algum local longe de predadores e os alimentaram durante 4 anos. Mas nesse tempo nenhum contato a mais era feito além do suficiente para alimentação, nenhum vocábulo era emitido e nenhuma demonstração de afeto era feita. Os nativos alimentavam as crianças pela manhã e pela tarde, ao terminar deixavam-as sozinhas em local seguro. Depois de 4 anos os nativos deixaram de alimentar as crianças, elas estavam agora mais sozinhas do que antes e jamais encontraram os nativos que as alimentaram. Além dos nativos inicialmente, esses 4 seres jamais tiveram nenhum contato com o mundo humano. Logicamente que eles sentiam fome e sede, e saciavam com os próprios recursos da selva, frutos, raízes e pequenos animais além da água do rio. Após algum tempo, certamente, que eles irão ter mais uma necessidade: a cópula. – Serão eles capazes de distinguir homens de mulheres? Irão fazer diferenciações dos seus órgãos sexuais entre eles? Eles irão manter relações apenas com parceiros do sexo oposto? Os “homens” se sentirão menos “machos” ao manter relações com o outro do mesmo sexo?

Essa postagem é mais um complemento do artigo “Considerações históricas acerca da homossexualidade”. Antes de prosseguir com aquela discussão faz-se necessário uma outra discussão: sexo e gênero.

Freud nos aponta que ao nascer somos todos bissexuais. Podemos ser do sexo masculino ou feminino de acordo com nosso órgão sexual e as diferenças hormonais, mas no que diz respeito ao gênero homem ou mulher, somos indiferentes. No entanto, ao ser lançado nesse mundo a cultura escolhe por nós, nos impõe o que devemos ser e qual o papel sexual a ser desempenhado. O patriarcalismo separou o mundo em dois pólos, o mundo do homem e o mundo da mulher.

Se colocarmos dois bebês de sexos diferentes lado a lado, ambos com o órgão sexual ocultado e o restante do corpo nu, e perguntarmos a alguém quem é do sexo masculino e feminino a chance de acerto será de 50%. Não há nada que os diferencie enquanto homem e mulher. Mas os pais se empenharão intensamente em fazer a diferenção de acordo com o sexo, usando os adornamentos e roupas possíveis para caracterizá-los. – Além de definir o gênero, a sociedade também impõe a orientação sexual do sujeito ao nascer; para sexo masculino o gênero homem e a orientação heterossexual, para sexo feminino o gênero mulher e a orientação também heterossexual.

A partir daí homens e mulheres percorrerão caminhos diferentes no que diz respeito à constituição física e psíquica, construção de valores, crenças, hábitos, comportamentos, preferências, imagem corporal, etc.

Meninos são estimulados à atividades físicas bem mais que as mulheres; em geral são incitados a mexerem no seu órgão sexual desde pequenos; a gostarem de coisas tidas como “masculinas”, etc. Meninas são estimuladas a serem passivas, boas irmãs, companheiras e ajudantes do lar; a se empenharem mais nas tarefas escolares; a evitar o contato com seu órgão sexual, etc. – Em geral, meninos pegam em seu pênis e o balançam para a felicidade de seus pais, meninas ao ameaçar colocar a mão na vagina são repreendidas na justificativa de que aquele local é “sujo”.

Homens e mulheres são condicionados a mundos diferentes um do outro, quase sempre, antagônicos. A cultura é responsável por uma forma extremamente violenta e invasiva no que diz respeito à educação sexual. Suas formas de conseguir tanto êxito a ponto de fazer as pessoas acreditarem que existem diferenças entre homens e mulheres que sobrepujam àquelas dos elementos biológicos, se mostram explicitamente e, sobretudo, em suas formas veladas, inconscientes e implícitas.

Na infância, meninos que mantém qualquer contato com meninas são repreendidos, considerados de masculinidade duvidosa. O mesmo acontece com as meninas, que são consideradas “vagabundas” ou coisa parecida. Passada a infância a situação se inverte. Homens necessariamente devem procurar por mulheres e elas devem aguardar, pois, se forem atrás podem novamente serem consideradas “vagabundas”.

Dizem que mulheres são mais passivas que homens, que choram mais, que são mais meigas, que não são agressivas, etc. uma série de bobagens que são ditas desconsiderando todos os condicionantes culturais e sociais que são diferentes para homens e mulheres.

Homens e mulheres podem ter os mesmos potenciais e os mais variados comportamentos. Não há comportamentos, sentimentos, profissões, preferências e valores que são para homens e outros para mulheres. Nossa cultura e, sobretudo, a supremacia masculina ilegítima advinda do patriarcado, prejudica todas as relações humanas, trazendo danos incalculáveis para homens e mulheres.

É legítimo sermos masculinos e femininos. Homem e mulher são invenções humanas, não se trata apenas de diferenciações de acordo com o órgão sexual. Nascer com pênis ou vagina não determina o gênero homem e mulher. Não há o que é de homem e o que é de mulher, todas as coisas de gênero que nos determinam são dadas pela cultura e pelo nosso meio social. Antes de tudo somos todos humanos, com potenciais iguais.

Certamente, muitos deverão achar um absurdo a idéia de que homem e mulher é uma invenção cultural. O estrago que foi feito durante milênios, com padrões de comportamentos deterministas que são postos para homens e mulheres não se reverte em cem anos. Todos nós vamos absorvendo essa cultura separatista, de tal forma que mesmo na vida adulta continuamos reproduzindo o que nos foi ensinado.

A educação de homens e mulheres são tão diferentes e deterministas que torna difícil identificar o que desejamos por nós mesmos ou o que desejamos porque nos ensinaram a desejar. Embora todos nós sejamos cúmplices em maior ou menor grau dessa “educação” que impõe uma série de “normalidades” de acordo com o sexo que nascemos, podemos mudar nossa realidade e para isso se faz fundamental um conhecimento crítico acerca da sexualidade. Felizmente, muitas coisas têm contribuindo para superar o patriarcalismo e os determinismo autoritários de muitas religiões, mas ainda, muita coisa precisa ser superada.

Dentro desse contexto, não estou dizendo que homens e mulheres que foram educados sexualmente a considerarem enquanto legítimas apenas as relações heterossexuais devem mudar. Mas o que deve ficar claro é que não podemos aceitar os padrões de normalidade que nos impõem, colocando todos aqueles que não se encaixam em categorias de anormalidade.

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